À Solano Trindade

 

Sou nego

...Na minha alma ficou

o Samba

o Batuque

o bamboleio

e o desejo de Libertação.

 

 

Poeta Branco.

 

Sou um poeta Branco

Livre da vergonha da história

Pois jamais vi amanhecer

Que não fosse azul

Tampouco por de sol que não fosse

Espetacularmente laranja avermelhado

Jamais houve cores que gritassem

Tanto em meu olhar

E este grito, sempre foi-me liberdade.

 

Ha sim, na ferrugem que corrói

o aço dos grilhões, o tom terracota

Que o próprio chão benevolente engole

Como engole, o branco, o negro, o mameluco

E toda gente que pisa feroz sobre ele,

também os que pisam ternamente.

E sabem-se então livres

 

Com alma leve, sendo seus próprio senhores

Cativo em poesias e do chão

que na exuberância de seus pastos

Á todos concede o mesmo fruto

Não mais filhos bastardos desta Pátria

Mas semeadores de arco iris

 

E então até que não mais seja vergonha

Falar de amor, nem de igualdade

Direi então que sou um poeta branco

Porém, minhas mãos jamais tingidas

Do sangue dos meus irmãos

No passado escravizados.

Afirmo, pois, que deste sangue e destas lágrimas

É que rego as camélias que ofereço

em meus versos miscigenados .

 

Cristhina Rangel.

 

 

 

 

 

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 08/12/2011
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