BURACOS DO TEMPO
Gritei ao som do coração
Repleto de momentos,
Numa fúria de larga dimensão,
Margeada em raro sonho ilusão
E entregue à santa redenção
Onde ainda choram sentimentos...
Gritei ao som de desencantos,
Que ardiam em brasas
Lapidando a pele em asas
Que voavam na ilusão de encantos,
Que chorava as dores da ilusão de recantos...
Gritei ao som do cansaço...
E na falta do abrigo d’um abraço,
Fechei-me no espaço desse vasto terreno
Onde já experimento um pequeno passo,
Que se agiganta, agora, mais manso e sereno!!!
Gritei seguindo o rastro das horas
E aos meus passos compassados aos segundos,
Fui querendo alcançar os amanhãs fecundos,
Querendo acreditar em suas vozes tão sonoras
Rodeando canteiros calmos como se passifloras...
Gritei ao som da eternidade,
D’alguma forma o infinito me escutasse
E viesse seguindo o rastro dessa enormidade
De puros sentimentos que a tudo traspasse
Nesse coração que grita o amor forte de intensidade!
Gritei por fim, a ser ouvida enfim...
Pois o eterno me acerca em festim...
E ao meu então estado de ventura, felicidade,
Quando a calma ao me possuir assim,
Posso eu entender que toda agonia é celeridade!