DESFILE
Debruçada à janela
observo os transeuntes.
Passam.
Rostos alegres, rostos tristes,
atletas e aleijados,
mendigos e milionários,
adultos, crianças, velhos,
anjos, demônios, ou nem-tanto,
todos passam.
Debruçada à janela
observo os transeuntes.
De repente me advirto:
no que passam,
no desfile,
passa também a vida,
e eu só olhando.
Pulo a janela, corro,
que me esperem!...
eu vou junto.
Lu Narbot
Do livro Versos ao Longo do Caminho - Campinas, 2004