Ano Novo?! (ou uma transformação possível)

Quanto tempo dura um ano num homem que não tem outra saída senão viver? E vai correndo pelos instantes que passam soberanos, eles que se vão escorrendo até que o homem vire pó, corre o mortal ainda de pé no mundo em que sonha, trabalha, ama ou luta.

O último dia do ano... o que será um ano?

Prometo sempre com todas forças ser eu – esse é o maior desafio que se apresenta à frente e nunca estou ao alcance de mim...

Olho e vejo a mim mesma distante, a outra eu que fugiu sem que percebesse, fugiu rindo e não a impedi de se ir... enquanto fiquei esperando enxergar no espelho a imagem de quem era e, ao ver o reflexo, nunca me reconhecia.

As horas arrastavam minha fraqueza até o momento em que o mundo pensava que o tempo parava e fazia a contagem regressiva à chegada de outro ano que parecia uma transformação...

Crédula, prometia mudar e unir-me a mim.

No outro dia sempre havia um ar morno de final e não início...

Olhava as ruas vazias com o vento quente movendo papéis espalhados pelo chão... a mesma rua...

E tudo era o mesmo, tudo... sentia uma dor de frustração e sabia, sabia que os outros dias seriam uma amarga repetição...

Oh, eram os mesmos homens e as mesmas idéias, as mesmas ações, os mesmos erros!...

Esvaía-se a coragem, e eu me deixava perder.

As horas arrastaram-me até este novo agora, agora de infinitas possibilidades...

Em minha mente, estranho ardor se alastra como um tumor, mas é benigno; reconheço o reflexo de minha imagem no espelho; de repente eu sonho, sonho...

E sei que a culpa é minha por mais que o mundo esmague, por mais fraca e menos significante que seja, por mais que eu pereça a cada instante transcorrido.

A vida se impõe e cabe ao homem a responsabilidade de a conduzir; assumo o peso às vezes demasiado de mim e talvez por isso eu chore, mas também sorrio...

Tenho ardente desejo de que possamos sorrir mais em 2007 e façamos com que desta vez se transformem o mundo, as idéias, a vida, os homens...

(Sonho com que a palavra humanidade deixe de ser mera estratégia retórica ou utopia e se torne uma realidade sincera e sensível... )

Clarissa de Baumont
Enviado por Clarissa de Baumont em 31/12/2006
Código do texto: T333147
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