Pés descalços
Descendo a ladeira com pressa
lá vão eles com os pés descalços
os pequeninos são andarilhos.
Aonde vão com tanta pressa?
Vão buscar alimento pros sonhos.
Vão pescar alimentos pro estômago.
Onde alimentam os seus sonhos?
alimentam nos livros da escola.
Onde pescam alimentos pro estômago?
No riacho que passa no pé do morro.
E se o riacho secar esse ano?
Vão pegar farinha na feira.
Descendo a ladeira com pressa
lá vão eles com os pés descalços,
os pequeninos são andarilhos.
Aonde vão com tanta pressa?
Vão brincar com amigos no riacho,
quando os deveres da escola fizerem.
À tarde quando o sol se for
vão ligeiro comprar querosene,
pro fogo da lamparina não se apagar.
Pés descalços que moram no morro
que descem e sobem de novo.
Aonde vão com tanta pressa?
Vão trilhar novos horizontes
para mudar o destino cruel
que os fazem ser sofridos de corpos
mas, que não apaga a vontade de atravessar os montes
e conquistar um lugar melhor nesse imenso universo.
Sair de uma vida que mais parece um castigo perverso.
Os pequeninos são andarilhos
que sonham com um mundo possível,
que pisam no chão duro, endurecendo
com calos os pés tão pequenos.
Vão trilhar os caminhos do destino,
e um dia irão calçar os pés calejados
com sapatos comprados com gotas de esperança.
Porque os pequeninos que descem o morro
com os pés descalços, são filhos criados com amor e carinho.
São portanto, crianças felizes e trazem um sorriso no rosto
porque se falta o chinelo, não falta o aconchego do amor.
E se o amor nos faz sonhadores,
faz dos Pequeninos moradores do morro
realizadores de sonhos nesse imenso Universo.
Tornado-os vencedores, exemplos de amor e fé.
Para meus irmãos, meus pais (agradeço pelo ensinamento de valores, pelo imenso amor dedicado a mim e aos meus irmãos), para minha cidade querida Crateús-CE e minha antiga casa que ficava em um alto logo no final do bairro Ponte preta, vivemos momentos difíceis,mas, vivemos momentos m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o-s, e, para minhas filhas que hoje estão dividindo comigo, novos sonhos, novas conquistas, que não são "pequeninas descalças", mas são regadas com muito amor.
Jacinta Santos
11/10/2011