HERANÇA DE SANGUE
Acordando, relembrei o sonho e me vejo no tempo passado .
Em meio a cruente combate, homens valentes ,
lutam com destemor e bravura .
De um lado soldados treinados do exército imperial ,
do outro homens simples criados nas rudezas do campo ,
sem saber o que ser criança .
Seus corpos feridos por cortes profundos ,
não se deixam abater e nem se queixam .
Assim passam dias em luta no corpo a corpo ,
quando a distância já não existe .
Cabeças decapítadas, braços decepados e pernas caidas ,
e mesmo assim olhando esta desgraceira ,
estes homens altaneiros lutam com "gana" .
Sabem que cada um ali caido, foi um amigo, e ,
quem sabe suas costas muitas vezes guardou ,
de ser transpassada por uma espada inimiga.
Parece-me ver do alto um comandante farrapo a gritar :
"FORÇA PESSOAL, VAMOS BOTAR A CORRER ESTES MALDITOS IMPERIAIS" .
Amontoam-se os corpos caidos ,
o tinir das espadas o assovio das lanças no ar ,
a procura de uma carne a penetrar .
E mesmo assim ninguem abandona o campo da luta ,
pois ali esta o valor mais alto ,
que um homem nesta terra pode ter .
"ORGULHO DE SER DO SUL" .
Eis que derrepente sinto o líquido viscoso e quente ,
a empapar meu pala .
Não vi o golpe mas senti o transpassar da lâmina .
Voltei-me rodeando a espada ,
que no pescoço do inimigo pegou .
Quiz andar mas nem um passo mais pude dar .
Finalmente tambem chegára minha hora.
Minha honra fôra lavrada ,
com a tinta vermelha de meu sangue .
Orgulhoso deixava a vida por saber que ,
a meus filhos e a outros filhos ,
uma terra com justiça e retidão seria a sua herança .
Assim no ultimo sopro de vida, ergo-me ,
como homem altaneiro levanto o braço ,
empunhando a espada .
Um silencio sepulcral derrepente se faz , e ,
do fundo de minha garganta numa voz gutural ,
sai o grito tão temido pelos imperiais.
"VIVA A REPUBLICA RIOGRANDENSE" .
E assim, mais um anônimo se vai .