Pátria amada

Apesar das desonestidades

Da terra rateada em propriedades

Por quem manda nas cidades

Eu sou mais Brasil

Apesar dos engarrafamentos

Pela ausência de planejamento

E de seu efetivo cumprimento

Dos impostos abusivos

Do cinismo corporativo

Do sucesso do insensível

Sobre os frágeis indivíduos

Eu ainda sou Brasil

Em que pese nossos carros

Serem os mais caros do mundo

Os alimentos suspeitos

Apesar do chão fecundo

Rotularem de ideologia

O que é decência e igualdade

No que faz o ser humano

Ter autêntica liberdade

Eu sou Brasil

Mesmo que condicionado

A considerar normais

As aberrações no trato

Das carências sociais

Ter a permissividade

(mais ilegal que imoral)

Nos sinais e nas calçadas

Das ruas das capitais

Ainda dá Brasil

Mas o que abala profundo

Quando vemos (por enquanto)

São os doentes quase defuntos

Em corredores, nos cantos

Dos nossos hospitais públicos

Dor, humilhação e prantos

Antessalas do inferno

No céu que amamos tanto

Não reconheço o limite

Dos descasos da elite

Opulenta e indiferente

Duvido do meu ofício

E ser resistente o suficiente

Para apesar de tudo isso

Continuar persistente

A ver o Brasil diferente