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Caminho passos lentos pela sala. Vou indo. Vou vindo.

Anteriormente, eu pousava o corpo em uma poltrona.

Agora não, vou lentamente sentindo-me branca como a lua.

Eu descalço piso e repiso o chão e demoro nele e sigo.

Caminho. Como é bom caminhar. Pareço voar. Um leve voar.

Penso no sol do amanhecer e o fogo se acende para mim.

Neste instante, no entanto, estou tocando a luz do abajur.

Mais translúcido é o brilho da lua que entra pela janela.

Se a iluminação está forte tento fugir-me da claridade.

Quero o sutil, o brilho leve, a penumbra, a sombra.

Porque enquanto mudo passos no ir e vir pela casa

Vou assim: pelejando-me, sentindo-me, buscando-me.

Não só meus pés estão nus e se limitam soltos e molengos.

Eu toda estou nua e desnudo-me a devagar a vaga do amor.

Antes, porém, eu busco e reviro-me no profundo do meu ser.

Tudo pela minha alma ardida, perdida, fadada e alagada.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 14/09/2011
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