NUMA CLÍNICA DE HEMODIÁLISE

Olhos mudos

Olhos fundos

Fundos de olheiras

Profundos sem fronteiras

Olhos tristes

Olhos vagos

Olhos carentes

De um afago

Olhos valentes

Mesmo sofrendo

Seguem sorrindo

Por entre as gentes

Olhos aflitos

Por um instante

Vida e morte

Entram em atrito

Olhos sem luz

Carregam sua cruz

Na esperança

De ver Jesus

Olhos tiranos

Olhos profanos

Mesmo sofrendo

Seguem matando

Olhos dormindo

Olhos sonhando

Olhos atentos

Estão cuidando

E meus olhos

Discretamente olhando

Mil olhos mudos

Tudo falando.

Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 15/08/2011
Código do texto: T3161627
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