Flores no deserto
Esse fado sorrindo amarelo,
Vá que uma hora ele acerte,
um som que dorme no cello
Até que a canção desperte.
Por ora todos são surdos,
Pelo menos, nada se ouve,
Vastos campos vazios, absurdo,
Sem produzir um pé de couve.
Em curso a reforma agrária,
Cada alento terá seu quinhão,
Vida espocando em toda área,
Gerando gozo, paz, afeição.
O aedo promovido a profeta,
Esperança mandou que dissesse,
Então disse, do jeito poeta,
Poesia é seu múnus, sua prece.
Ventura, qual Ulisses retorna,
A eleita, Penélope, espera,
A taça amarga o tempo entorna,
beija flor se espalha, primavera.