O SENTINELA.
Eu sou a marcha descompassada da vida
Um andante sem rumo e sem roteiro.
Ando constantemente até ter
Em minhas mãos os sonhos que fiz
Nas tardes quentes de verão
Na areia da minha infância.
Sigo com os olhos desfocados
Observo a paisagem e o horizonte
E neles espero a fonte
Dos meus sonhos inacabados.
Na pele estão os meus calos
E no peito minha meta.
Sigo com persistência a reta
Que os homens chamam de vida
E eu nomino como existência.
Pois que a vida finda na carne,
Mas a existência persiste na imensidão.
Espero sentado em minha cadeira
O dia ou noite em que verei
Os olhos que me tirarão o equilíbrio
E o ar que bate em meus pulmões.
Porquanto sigo só o meu caminho
E a minha escolha...
Mas um dia (que eu não sei)
Encontrarei o anjo que me guarda,
A musa que espera
Sentada na areia com os pés na água
Com suas mãos aplanadas ao seu corpo
E o seu riso de encanto com a vida.
Seus lábios cantantes, amantes, errantes,
Mas reais, serão vida e morte
E seu seio manancial de vida e gozo.
Pegá-la-ei pelas mãos
Colocá-la-ei em meus braços
E no meu cavalo cavalgaremos o caminho,
A vida e a existência
Do romance de nossas almas.
Mas, querido verso,
Enquanto eu não a encontro
Permaneço esperançoso
Sentado em minha varanda
Vendo brincar a esperança
Dentro do meu peito pequenino.
Porque sou um sentinela
Que sonzinho anela
O romance adormecido.