Canto de Alforria
Eu canto a tristeza de noites sombrias,
nos dias funestos sem glória ou amor
os quais passam sempre arrastados, tristonhos,
sem vida, sem lume ou aurora e sem cor.
Eu canto a tristeza de forma brilhante
e todos veneram a minha pungência
falada com arte, nos versos que canto,
co’a dor e co’o pranto da minha demência.
Eu canto a tristeza com gosto doente:
Se a lágrima cai não me importo jamais!
Que tudo que vale é o intenso momento:
Os bons, os ruins, ilusórios, reais...
Eu canto a tristeza com todo o vigor
em minhas poesias de versos senis.
Não falem, não julguem, meus caros leitores,
que ao fim da canção fico sempre feliz.