As drogas e o mundo
Houve um tempo que conheci
Não foi tão longe poucas décadas
Eu era menino, inocente e feliz
Achava o brilho que mereci
Em alamedas e praças cercadas
Rindo sempre até pelo nariz
Via ao longe suspeitos, eram feios
Encorujados, sujos e desarrumados
Minha mãe advertiu: São os maus
Eles riam desdentados aos veios
Miserandos de olhares desclassificados
Tive medo, corri deste perdido caos
Cresce e percebi que amigos meus
ao vício se entregavam, fui o careta
O desenturmado, nerd e isolado
Lembrei de minha mãe, dias de réus
Perdi ali um irmão nessa cadavérica roleta
E então vi que eu estava todo cercado
Universidade e todo tipo de vício veio
Eu por sorte ou inapetência resisti
Ao demônio tentador que me chamou
Tive vontade, não nego, mas o receio
um me disse que nunca ali fosse, parti
Busquei a voz que o mundo calou
Nada fiz, apenas me cuidei, fui contido
Achei espaços e vi um cancer que crescia
Sem limites, sem juízes, sem razões e raízes
Não em mim, mas neste mundo esquecido
Mais um amigo eu perdi, uma alma amada partia
Sem deixar ainda legado nem algumas diretrizes
Vejo este cancer crescendo e jovens morrendo
A sociedade que não os enxerga doentes
Levanto a voz e os braços, ajudo e vou crescendo
Esperando dias felizes sem ranges de dentes
Não são fracos sem alma, sem noção de retidão
Buscam um futuro sem drogas, mortes e solidão.
Lord Brainron
dedicado a todos aqueles que já perderam alguem que amam para as drogas... sempre há esperança... sempre... Lord Brainron