Quarto escuro!
A noite invade meu quarto escuro e vazio,
Com seu silêncio de ruídos imaginários.
Apenas o luminar da vela me faz continuar
A leitura do livro velho e empoeirado de
Dostoievski...
Cubro-me com o manto seu, que ainda
Exala o teu perfume suave...que excita
Minha alma e me faz transpirar em noites frias.
Na espera do dia clarear
Passo em revista um tempo que ora se foi ao longe.
O sol se mostra timidamente por detrás de altos montes.
Alertando-me para a chegada de mais um dia
De um novo dia...
A vela, que a pouco iluminava o meu ler,
Agora se mostra derretida, como larva vulcânica
Se transformando numa linda escultura abstrata à minha frente.
Tento levantar-me de minha velha cama,
Desarrumada...desalinhada, com o peso de um corpo velho e cansado
Um corpo angustiado.
Os olhos pesados, quase não conseguem abertos ficarem
Dado ao fato de uma noite mal dormida.
Os pensamentos conturbados, não reagem ao clarão que atravessa a janela de vidros quebrados.
Mas o dia enfim chegou e com ele a esperança
De que hoje será melhor que os dias anteriores
Mas sem me esquecer que mais uma vela precisa
Ser reposta para quando a noite cair
O velho livro empoeirado possa ser
Novamente folheado e lido
No quarto escuro.