SALVE O POETA
É hora vespertina.
No rádio toca-se
“Ave Maria”.
O bem-te-vi, à distância
Obedece a sua rotina
-é hora de se recolher.
No horizonte, o Sol
Mostra os seu raios derradeiros.
Só resta o clarão na nuvem
Do poente, em caracol.
Derrama-se em sangue pesado.
Fui menino.
Agora homem feito.
No peito o coração,
Seguindo sua batida costumeira,
Ritmo cadenciado
-ainda não pode parar.
Na mente a certeza do passado
E no cardeal a angústia do futuro.
O Sol se põe atrás do morro.
Eu morro, sei disto.
Serei iluminado pelo astro
Enquanto ao que ficou se fará escuro.
Bem que te verei
Nuvem dourada,
Ave, não a Maria,
Ao Poeta que se opôs!
L.L. Bcena, 01/11/1999
POEMA 249 – CADERNO: ROSA VERMELHA.