PARA SEMPRE
Aos doze anos
fazendo um mandado
(como todo menino do interior)
fui pego subindo uma ladeira
de Barbacena por um vento danado.
Quando cheguei em casa,
minha mãe estava estarrecida,
em choque, preocupadíssima:
-temi que o vento forte,
e você mirrado, te levasse
ou te sufocasse!
O vento,
sou mais danado,
não me levou
(agarrei-me nas forças das palavras
e elas me acudiram)
e nem me sufocou
(fiz respiração boca-a-boca com a poesia).
Aqui estou até hoje escrevendo
(sem métrica, sem rima, sem estrofes ordenadas
por causa daquele vento que quase me desfez)
Não fui tão imune àquele vento tirano.
Ele arrancou-me as roupas
de menino inocente.
Vestiu-me de adolescente.
Não satisfeito,
outras vezes passaria.
Uma vez mais me trajou de adulto.
Outra vez, de senhor.
Acostumando-me a ser despido
e vestido pela ventania ordinária
que passa na hora marcada
estou aguardando pela roupagem
de ANJO.
Gostei tanto da roupa de homem
que eu a queria eterna
e com faixa bordada em dourado:
LEONARDO LISBÔA FOREVER.
L.L. Bcena, 20/03/2011
POEMA 315 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.