O FINDAR DE UMA ESPERA
No ócio de uma solidão,
N´alcova do repouso a toa
Sem saber que na escuridão
O silêncio n´alma ecoa.
Nela vejo a noite e o dia,
O findar de uma espera
Que dantes no peito ardia
E agora é só quimera.
No leito viro-me para o lado
Espero pelo sono, pela morte,
Esquecido, desdenhado,
Na ventura desta minha sorte.
E o dia vai e vem tão fugaz,
Pois na inércia nada acontece,
Se não levanto tanto faz,
O mundo tudo esquece.
As palavras pairam na mente
Fervilham versos pensativos,
Nada se mexe no silente
Do coração sem motivos.
E na jovem manhã fecunda
Que a luz da esperança,
Da obscuridade profunda,
É o sonho de uma criança.
Já sinto se aproximar de mim
A gélida mão sintomática
Que da idade prenuncia enfim
A anunciação mera e estática.
Já vou acordando deste sonho
Ao encontro da real realidade
Que desintegra o tristonho
Da dor desta orfandade.
E quando o brilho no cimo
For suplantar a fugacidade
O que da vida mais estimo
É o ideal, é a verdade.
A bondade será elegância,
A sinceridade será a nobreza
O poder não terá distância,
O amor será minha riqueza.
(YEHORAM)