Ventre do Amanhecer

No instante do crepúsculo a nau aportou,

Apenas a brisa enxugava a lágrima na face

Que lentamente caia sobre a folha,

Ainda vazia, ainda sem vida!

À meia luz, com as mãos trêmulas

E de olhos esbugalhados,

Nasce o primeiro verso, a primeira estrófe

Trazendo consigo o seno e o cosseno

Das várias vozes do destino

Ora marcado por espinhos,

Ora colorido por flores!

Na vertigem da vela

Sombras se formam,

Entre paredes e cortinas

Inventando balés e imagens;

Rituais que só a alma pode decifrar

Emanando dizeres doados pelo coração

Procurando esquecer a dor!

Certos pelo caminho, são os bailes do cálice

Em cada cais plantando uma semente,

Em cada pier colhendo uma esperança

Aliada ao tempo, ao vento, ao cio das águas

Provendo pelos céus o sentimento

Tatuado no peito, no ventre do amanhecer!

Auber Fioravante Júnior

03/06/2011

Porto Alegre - RS