Se eu morresse amanhã...
Se eu morresse amanhã...
Não saberia o real motivo dessa partida;
Não saberia nem o dia, nem a hora exata;
Não sei se sentiria algo ou seria igual simplesmente um dormir sem acordar;
Não sei se há vida após a morte, por isso não sei se terminaria aqui ou continuaria lá;
Se eu morresse amanhã...
Não sei se seria um dia chuvoso, frio, ou com um sol radiante e um clima quente e confortável;
Gostaria que fosse um dia com raios de sol aquecedores.
Não sei se teria cumprido meu papel de cidadão e de cristão.
Pois, não sei ao certo que papel é esse.
Se eu morresse amanhã...
Não sei se teria feito muitos amigos ou simplesmente alguns colegas;
Não sei se gostei de verdade ou se fui gostado também.
Só sei que a única certeza é do amor materno que esse ninguém finge, não compra, nem se pede.
Simplesmente, ele existe como símbolo de toda essência e pureza de um ser Divino;
Não sei como as pessoas ficariam sabendo do ocorrido;
Algumas seriam por telefone, email, pessoalmente com uma voz de pesar e de difícil palavrear.
As reações seriam das mais surpreendentes: algumas gritariam de tristeza e dor, outras ficariam caladas em total silêncio e pensar, outras comentariam e interrogariam sobre fato ocorrido. Muitos lamentariam e diriam que fui uma ótima pessoa, respeitadora, jovem, que fiz muito e que nunca serei esquecido.
Se eu morresse amanhã...
Não sei se iria ver ou não a reação das pessoas diante do ocorrido;
Algumas iriam ao velório com grande compaixão e saudade, outras iriam por obrigação da situação e alguém deixaria de ir com a justificativa que gostaria de manter em sua mente a última imagem em vida.
Se eu morresse amanhã...
Não saberia ao certo quantos iriam ao sepultamento e nem quantos chorariam diante do caixão ou olhariam com olhar de adeus ou até um dia.
O padre provavelmente não faltaria para jogar água benta e dizer as pelas palavras de conforto que muitas vezes machuca mais que alivia;
Se eu morresse amanhã...
Não sei que flores iriam colocar no caixão ou quais delas seriam jogadas no túmulo;
Só sei que pouco a pouco em meio a muita tristeza um a um iria deixando o ambiente. Alguns sozinhos, outros amparados e consolados por ombros familiares e amigos e que no final restaria eu, sozinho, dentro de um caixa, vestido com roupa branca, mãos cruzadas, coberto por grande quantidade de terra decompondo-me.
Se eu morresse amanhã...
Saberia que após sete dias um grupo de familiares, amigos, colegas e desconhecidos se reuniriam em um templo para rezar pelo espírito que se fora. Templo esse repleto de saudades e boas lembranças e após um mês no mesmo templo, provavelmente, um grupo bem menor se reuniria para a mesma solenidade e após um ano um grupo muito menor se reuniria, novamente, com a mesma intenção. Desejando que meu espírito esteja em um bom lugar. Já que do corpo só deve restar os ossos.
E depois de alguns anos seria mais uma vaga lembrança na memória de alguns. Citado em datas específicas em que estive presente de modo satisfatório e eficaz. Para alguns, nem mais a lembrança da minha face restará.
Se eu morresse amanhã...