A ESPERANÇA (Sextilhas)

A ESPERANÇA

Carmo Vasconcelos

Se a saudade nos dói do que perdemos,

Tal aguçada dor do amante ausente,

É como um livro aberto p’rá cegueira...

Põe desordem em tudo que fazemos,

A mente amorfa, qual guru dormente,

Coração mono, sem eira nem beira.

Mas se uma nova aurora se apresenta,

Risonha, tentadora e feiticeira,

Clareia-nos da saudade a tal negrura…

E, audaz, a nossa esp’rança logo intenta

Vestir-lhe a cor da sorte verdadeira,

Passos afoitos à rósea ventura.

Tantos sonhos gorados à partida…

E tomba a esp’rança em lágrimas prostrada,

Sucumbida à dolosa decepção.

Porém… Sábio o mistério desta vida,

Impede que ela morra acobardada,

Ao florir-lhe de novo o coração!

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Lisboa/Portugal

30/Dezº/2008

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 18/05/2011
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