Canto Negro

Canto Negro

Jorge Linhaça

O negro canta o seu dia a dia

Canta os açoites da nova chibata

Cant'a torpe dor que hoj'o maltrata

Cant'a saudade de su'alegria

E no seu cantar a vida retrata

Canta seus pontos, louvor e elegia

Contorce o corpo num'acrobacia

Na capoeira su'alma resgata

Do negro canto, do Banto lamento

do yorubá, da nação nagô

São tantos cantos que leva o vento

Quando o negro aqui aportou

Trouxe na alma o seu sentimento

Seu sofrimento em canto tornou