QUATRO ANOS
26.05.2008.
Precisaria estar desligado, dopado
Desacordado, desenganado
Em estado de inconsciência profunda
Pois não, sinto-me VIVO
Que me venham outros anos
Precisaria estar delirante, febril
Noutro plano, noutro planeta
Super lotado de lágrimas
Onde nada se enxergasse
Não tenho mais medo de quatro anos
O passado já me é passado
Existiu e não existe mais
Foi sofrido, foi pesado
Aqueles quatro anos, jamais
Pretendo sobrevida
Pretendo sustento sem riqueza
Pretendo trabalho
Pretendo saúde
Pretendo mais quarenta
Aqueles quatro anos não existem mais
Defini enfim meu caminho:
Lucidez e sabedoria
Inteligência e calmaria
Ceder à vez e ter um ninho
Te ver crescer, te dar carinho
Aos quarenta ainda se cresce
Só quem morreu tantas vezes é capaz de saber o quanto vale viver
Só quem penou por anos e meses sabe o que é ser forte
Quero como já muito queria: muita vida, pouca morte
Meu caixão é apenas um símbolo
Muito me vale o embalo da vida