MANHÃS ROTINEIRAS
E nas manhãs de sempre rotineiras
Em que acordo por graça divina
A contemplar aurora menina
E suspirar de lôbrego nas parreiras.
E ver o sol nascer, louro menino,
Que inda ao seu calor o frio resiste
E como se a brisa fria inda persiste
Numa promessa de um bom destino.
E ao volver a minha face para o céu,
Poder vê-lo tão azul, tanta vida clara,
Que neste mundo não é coisa rara,
Só falta, então, edificar o meu dossel.
Embora o canto do bem-te-vi rajado,
Só se ecôa mesmo no semoto nordeste
Que dos raios solares ele se veste
Mas, agora, na minha janela está calado.
Por sinal, o vi agora, sobre uma antena,
Mas voou ligeiro, mudo, pel´amplidão,
Não entendi o Porquê desta solidão
Que acompanhara o canoro em cada pena.
Apenas vejo o telhado da casa vizinha
E ao longe uma copa imota e frondejante,
Ao fundo uma pequena nuvem cambaleante,
Olhei de novo e já não estava mais sozinha.
(YEHORAM)