Nada temo!

Em minhas mãos levo as garras do tempo

Que, implícito no destino de todos nós,

Faz os dias serem surpresa.

Lá fora continuam o vento, o mar, as estações

Adornos passíveis  na cabeça do universo.

Sigo com a mesma vontade de um rio

Cortando caminhos, dando voltas

Pra chegar... Onde? não sei!

Só sei que parar é algo que não consigo.

Minha essência tem o perfume da inquietude,

Tem a cor do fogo que ruboriza a pele.

Não, eu não temo o tempo!

Já sinto o peso dos grisalhos pensamentos,

E a rebeldia da juventude me faz rir.

Meus olhos são duas contas verdes

Que se apegam a esperança,

Faz do horizonte o oráculo

De promessas e atos...

É verdade, não temo o tempo,

Ele há de passar e eu nem pretendo ser semente!

Pode ser que a noite seja meu cortejo

E que as estrelas me cubram de flores e véus

E a lua venha se despedir com choro contido.

Enquanto  a vida me lamber a face,

Quero é desfrutar da fruta que minha boca adoça,

Cada vez que me redescubro com o sol em minha janela.