ETÉREA VISÃO
Se descrevo tal etérea visão
Que deparo lânguido nas trevas
Este viço faz a escuridão
Que nos teus braços me levas.
Sem rumo e incógnito coração,
Se da mais perfeita criatura
Recebeste a dor, decepção,
Que dizer da lua e sua alvura?
Ou se pelos funestos vales
Que me conduzi em meus sonhos,
Pelas ondas bravias dos mares,
Também me fazem dias tristonhos.
Num suspiro retomo a dor
Que lutuosa fere no imo, o brio,
Não olho mais nos olhos do amor
Pois comigo ele foi tão frio.
Eu, num hausto, sorvo a agonia,
Cada lágrima nutre meus tendões
Que por fim retorna em alegria
Para mim com novas emoções.
Parabéns! Felicito de contente,
Que me foi dada nova oportunidade
Em cada manhã de luz inocente,
Que dissipa toda dor da saudade.
(JORÃO BENTO)