Atrás
Atrás do passado vive um tempo,
Tempo de sorriso contante:
Semblantes por vida luzidos,
Luz pelo tempo acabando.
Atrás da manhã um poente,
E dela, por trás, houve a noite:
Amada por almas viventes,
Vidas, na trilha da foice.
Atrás deste céu, um espaço;
Atrás da estrela, uma outra;
Abaixo do homem um buraco,
Acima, só sabe quem voa.
Avante – Meus olhos atiram!
Nas costas eu sou baleado...
Sangrando, eu sigo o caminho;
Em frente, eu tombo pro lado.
O ódio, pouco me ajuda;
Vejo que vem viajante:
Me beija, me salva, me cura,
Me guia, alimenta e levanta.
Bem. Eu fito a menina,
De certo enviada, uma anja!
Não! - Nega-me a linda:
Só diz ser alguém que me ama.
Como? Se faltam-lhe as asas?
Como? Se vaga no mundo?
Como?! É só uma criança
Casta, de sorriso puro!
Diz-me, então, a deidade,
Que veio tirar-me da sombra;
Que asa não presta humildade,
Que voô é pra aquele que sonha.