Não adianta fugir deste tormento

Que se renova em cada pensamento,

Como ondas neste mar de insensatez,

Por mais que questione minha mente

Ela se submete, assim consente,

A pressionada viver nesta torquês.

 

Cada alvorada, a mente insana,

Elabora com toda sua gana

O plano de controle absoluto.

Assim, nesta malha, todo enredado,

Preso numa corrente e cadeado,

Vivo com antecedência meu luto.

 

Morre à minha volta o que queria,

Viver intensamente a cada dia,

Levando e criando os meus projetos...

Assim e sem controle na enxurrada,

Eu me descarto a cada madrugada,

Como a descarga leva meus dejetos...

 

E nesta terra estranha, asilado,

Vivo no martírio, crucificado,

Sem saber o que fazer, para onde ir,

E procuro com toda insistência,

O que na mais remota consciência

Ajude-me a transformar o meu porvir.