Não preciso mais ficar submetido

Às regras que sem valor ou sem sentido

Me frustram a toda noite e todo dia.

Deixo agora a responsabilidade

De tratar com toda a urbanidade

Quem prefere viver na hipocrisia

 

Estou liberto de amarras e de peias,

Sinto sangue circular nas minhas veias,

Sintonizo outra vez a poesia.

Qual pássaro de gaiola libertado,

Batendo asas e deixando no passado

Estas marcas de tanta aleivosia.

 

Lá em cima eu respiro o ar puro,

Voo alto e ultrapasso todo muro

Que me prendia na maldita servidão.

Se o trabalho não é reconhecido,

Todo o resto deixa de fazer sentido

E não é trabalho, é escravidão.

 

Para trás fica esta fase da vida,

Incorporou-se a lição aprendida

Que a dois senhores não se pode servir.

O primeiro senhor é a consciência

Que tudo que se fez foi por decência

E ao outro senhor não se deve ouvir...