o grito
O poema grita para que o poeta fale:
Falo aos poetas que não ficam em casa,
Que não atrofiaram suas asas em um sofá.
Falo aos que não têm tempo de deprimir
Aos que não pedem perdão por existir.
Falo aos que não lêem auto-ajuda
Nem ficam esperando ajuda do alto,
Esses que já viram as miragens do asfalto.
Falo aos que bebem em meio a luta
E não encaram o espelho com culpa.
Falo aos que quando criança brincavam
Descalços na rua sob a luz da lua
Aos que tem coragem de se jogar
De nadar pelado a noite no mar.
Falo aos poetas que não se acovardaram
Aos que não se envergonharam do que escreveram.
Falo aos que escrevem bêbados,
Que escrevem com raiva, com tesão.
Que escrevem apaixonados, iludidos perdidos.
Falo aos poetas de hoje.
Esses incríveis poetas invisíveis
Que ainda não publicaram
Que não foram lidos, ouvidos.
Falo a esses poetas vivos
Que brigam que brincam que brocham,
Que brindam que beijam que balançam.
Poetas do dia a dia, das esquinas,
Dos bares , dos ponto de ônibus.
Das fabricas, das construções.
A esses que extraem a poesia da vida.
Que saibam;
O poeta falou porque o poema gritou.