ÁGUA DA FONTE

Fui beber água da fonte
E a fonte não era ali,
Na procura, subi o monte,
Mas a fonte eu não vi

Pelo jorro da água viva
Fui longe e procurei,
Mas nenhuma fonte ativa
Nesta busca encontrei.

A fonte de água pura,
Meu amigo, onde estará?
Será que desta altura,
Nenhuma fonte se verá?

No caminho achei desvios,
Veredas na contra mão,
Procurei por lagos, rios,
Só encontrei poluição.

Água suja, mal cheirosa,
Água viva eu não vi,
A fonte da água gostosa,
Certamente não era ali.

Pra esta água beber
E dela me saciar,
Afinal, o que fazer.
Pra minha sede matar?

Um dia, um bom senhor,
Disse-me, vá procurar,
A água do bom pastor
Pra tua sede matar...

No rebanho, todo povo,
Reunido em multidão,
Encontrei um mundo novo,
Mas não bebi da água, não...

Noutro dia, o bom senhor,
Disse: esse rebanho não é teu,
Busca logo outro pastor
E então me prometeu:

Vou te ajudar na jornada,
Na busca da tua sorte,
Mas a água procurada,
Só se encontra após a morte...

Eu com toda veemência,
Disse-lhe, não é pra mim,
Não procuro a demência,
Este não é meu fim!

Agora, sem conselheiro,
Eu me pus a pensar,
Estou cansado e sem dinheiro
Mas quero a fonte buscar.

Nesta busca incessante,
Só me restou a lição
Que do pobre homem errante
O que lhe importa é a razão.

Razão de querer alguém,
Encontrar felicidade
E fazer feliz também
Quem lhe trouxer amizade.

E essa busca incontida
Encontrou o seu final
Descobriu-se que a vida
É uma vivência total.

Viver a cada momento
Com toda a intensidade
E lembrar que o alento
Da vida, é um amor de verdade!