Abismos
A arte de adorar abismos
Nem sempre apreciada
Nem sempre bem recebida
Por todos os espectadores
A arte, em verdade, de ser
De estar perto do abismo
De ver, de sentir o cheiro do abismo
O perigo existente,
O desespero do que cai
Os salvamentos inesperados
A arte de estar à beira do abismo
No centro, às margens
Como quer que se diga
Que se pense, ou se cale
Na certeza da fé que guarda
Das ilusões que se esquece
E que nada compensa, que nada espanta
Ja que a força que tens é maior que teu pranto
Não dá pra julgar, esquecer, condenar
Só dá pra cair, se falar e sentir
A dor que não é sua, a sabedoria que não é sua
A sua miserável condenação
Mas olhar o abismo é melhor
É saudável, o abismo
Lugar de resgate, de abraço de Paz...