Sonho de novela.
Estou plastificado na consciência.
Estou numa bolha feita pela ciência.
Estou sem direções, sem saídas.
Estou num palco da vida onde só sobressai quem tem um talento entre as línguas.
Eu nem sorrio, guardo entre minha mandíbula.
Guardo entre minhas refeições um apetite.
Guardo entre meu travesseiro sonhos.
Eu faço parte de uma herança na qual deixaram apenas desconfianças;
Apenas vaias, xingos e mentiras.
Odeio mentiras, o mundo é mentiroso. Mas, entre suas mentiras, eu me sobressaio melhor, eu tenho lábias para convencer e desconvencer.
Eu sou o maior manipulador de relíquias existente no ecossistema.
Eu sou sistemático, não gosto de casa bagunçada, roupa no meio do caminho, roupa suja.
Eu sou daqueles que roupa suja se lava na máquina, não no meio da casa.
Eu sou aquele que espera, mas se cansa. Dê-me uma cadeira, pois quero sentar.
Eu sou crítico e, ao mesmo tempo, sou pacífico.
Estou jogado entre os traços de uma folha, eu espero muito por um carinho. Quem sabe um abraço, mas nunca vem. Pedi para que o vento me mandasse, mas esqueci que estou numa bolha onde o vento não consegue chegar.
Eu sou aquele que engoliu a própria saliva. Nem tenho mais saliva de tanto engolir.
Eu sou aquele jovem que quer tudo ao mesmo tempo: carro, casa, jóias e ao mesmo tempo quero apenas um chinelo, short, blusa e um trocadinho.
Na verdade o que eu quero nem sei se a vida poderá me dar. Ela prometeu, mas ainda não cumpriu com sua palavra, apenas quero um amor.
Um amor no qual quero descobrir o mundo. Quero beijá-la, abraçá-la, poetizá-la, tocá-la, senti-la, tê-la e amá-la.
Mas vivo numa circunstância que isso é um sonho de novela!