ESPERANÇA

A fugaz e enganosa esperança
Mantém-se quando a doença avança
E escapa fugidia pelos dedos,
Crivando de amargura os nossos medos.

Para afastar o medo decorrente
Uma outra esperança já se sente...
Sermos enganados é necessário!
Capciosa, assume outra forma
E assim, ludibriando, se conforma
Pois enfrentar medos é temerário...

Os medos e esperanças alternados,
De acordo como cantam nossos fados,
Ambos se sucedem, nesta triste sina...
O coração ora aperta, alivia.
Enquanto se vive esta agonia,
Transforma-se o sofrer numa rotina...

Pobre medo, que é pai da esperança,
Porque conviver com medo sempre cansa,
Permita que eu viva, mesmo enganado...
Enquanto estiver, inda que sofrendo,
Terei o meu alento, irei vivendo
Na esperança do amanhã almejado!