DESCONVITE A SOLIDÃO
Desconvite a Solidão
Sentimento inóspito, metido e acima de tudo traiçoeiro. Se faz de bom moço e se mostra sorrateiro. Sim, você que insiste em me acompanhar, quando em sua companhia não estou a fim de caminhar. Eu digo pare! E você insiste, eu vou...
Vens das nuvens negras, do frio do abismo, do esquecido no esquecimento, por isso tão pobre e mesquinho és tu oh referido sentimento. Eu não te quero eu não te aceito, lugar no meu peito nem se quisesse tê-lo o deixaria, por amor a meus anseios por amor a minha vida.
Solidão é o teu nome, codinome exclusão... Teus benefícios são tão valorosos quanto ouro de tolo, tuas graças são tão encantadoras quando as de um falso tesouro.
Não te convidei e você se apresentou, consigo trouxe os seus amigos: a depressão, monotonia e o dissabor. O que ganhei com isso? A perda do meu tempo contigo, esquecendo assim do amor.
Certa vez levaste-me ao fundo do abismo, esquecendo de mim, esquecendo de ti, esquecendo de nós, esquecendo de vós. O teu verbo é uma conjugação constante do que no obstante a desejar, estas sempre a levar! Levar, este é o teu verbo. Porque me levas o brilho dos olhos, o sabor dos meus sonhos, o encanto da amizade, o compartilhar da saudade, o afago de um carinho, o beijo que foi perdido, o momento que não existiu, o desejo que não cumpri.
Não aceito mais os teus conselhos, e muito menos o teu aperto de mão, caminhar contigo eu não quero, muito menos dividir com você o que mais esmero: o carinho, a amizade, daquele que se fez mais que amigo, fez-se irmão.
Eu cultivo no meu peito aquilo a que tu não tens direito, o ardor de se viver cada dia com ardente paixão. O calor de um coração com espaço pra emoção. Por isso não darei lugar a ti oh Sentimento mesquinho, metido e traiçoeiro que se chama solidão.