Realidade
Madeira forte,
Jacarandá do Norte.
Fechas em cada chegada,
Deixa dura a existência
Das pessoas em desatino...
Imperiosa, cerrada,
Sem chaves ou fechadura...
Calada, fria, inerte,
Indiferente aos “ais”.
Parece a porta da “vida”
A cerrar-se sempre mais...
És surda com as pessoas,
Trilhando ao lado das outras,
Escutando sem ouvi-lás...
És negra tal como as trevas
Da noite, luar minguante,
Minguando precocemente
A vida de tanta gente...
A luz de tua abertura,
É quimera já distante...
Bem verdade que tua abres,
No instante do surgir,
A vida de um novo ser...
Fechar logo, em seguida.
Assim, cada qual, se quiser,
Romperá tantas barreiras,
Tentando em vão te transpor...
Tens um nome indigesto,
Difícil de pronunciar,
És a “tal realidade”
Que a vida insiste em mostrar...
(Ana Stoppa)
(Do Livro, Diagnóstico)