RODA VIVA
Cinzas mornas
Que trazem no âmago
Uma brasa a pulsar.
Sonhos patéticos...
Vontades atreladas
Ao carrossel da fantasia.
O ser ainda geme.
A mão ainda treme
E acaricia a ausência
Do amor que se perdeu no tempo.
Ainda se ouve o soluço.
O grito ainda comove.
As palavras ainda ferem.
Dos olhos, transbordam desejos...
Os lábios esperam o beijo.
A saudade se insinua
E leva a noção do pecado
Para os porões da memória.
Tudo, tudo é permitido!
E a permissividade seduz e liberta...
A brasa pulsa, pulsa...
E queima todos os sonhos,
Todos os desejos, todas as vontades...
E os transforma em cinzas mornas
E as lança em alto-mar.
Amanhã, talvez, tudo será como hoje.
Sonhos, esperanças, desejos...
Delírios, medos, alucinações...
Renascerão das cinzas mornas
Para possuir o ser.
E o sol, impassível,
- Astro-rei, astro-ímpar -
Iluminará o nosso desejo
De escrever uma história,
De desenhar uma trajetória,
De não haver existido em vão...
Amanhã, amanhã talvez...
Hoje, não!!!