Verdades
Choco, porque joguei fora,
aquela educação indevida.
Feita na medida dos fracos.
Que de tão daninha e inútil
Só me trouxe o que é fútil
Mas alimentou a consciência
Faço telas, pinto e bordo
Com as cores de meus sentimentos
sentidos... Além do horizonte...
Ali conto e colo minhas verdades.
Não invento nenhum tratado
Nos rabiscos e seus mil traçados
Sou só orientado pelas dores
Que sufocou os meus amores
E elas são inteiras,
belas e fortes...
Deixo-as no bom e vivo
tom do carmim envaidecido,
somado ao
amarelo queimado,
que deixo ascendido.
E da tela eu sinto a vida
Que pulsa ora alegre...
Por vezes tão sofrida
Assim componho as poesias
Lá do fundo mais profundo
Eu retiro a energia
Incendeio e atiço,
enfeitando com fogo
hipocrisias e mentiras vãs.
É sinergia sem nenhum divã
Onde acendo as labaredas
Do meu intrépido coração
Quero a beleza da canção...
E por favor! A gentileza
Vestida, delicada e viril sutileza
De nunca mais só fluir
como oferta a ilusão...
A me tirar do chão
Remando contra a maré
Tendo o mundo a contramão
Contornada de sorrisos e gestos
que simulam carinhos e afetos...
A isso não mais me presto
Deixo aqui meu manifesto
Peço tão pouco...
Faces sem máscaras
Prego a autenticidade
Fruto da honestidade
Que é o resultado esperado
Ao final disso tudo...
Nada mais seria que o produto
De uma sábia educação devida.
Duo: Keila Mari e Hildebrando Menezes