A chuva não...
A chuva não deu trégua,
nem descanso, nem calor,
tampouco tristeza profunda ou pranto.
Está tudo bem!
Só o asfalto reclama
a erosão: a água desprende
partículas outrora fincadas
firmemente à terra.
De pedacinho em pedacinho
surgem crateras.
É de pouquinho que minha mente
vai se destruindo
e se reconstruindo
com um cimento mais forte
com mais solidez.
A destruição é viável, confesso.
A mesma água que nos arrasa
e desgasta nossas convicções,
nos limpa e nos purifica,
nos lava a alma e nos recompõe.
Será passageira a turbulência.
A chuva e a liquidez
do coração vão passar.