A chuva não...

A chuva não deu trégua,

nem descanso, nem calor,

tampouco tristeza profunda ou pranto.

Está tudo bem!

Só o asfalto reclama

a erosão: a água desprende

partículas outrora fincadas

firmemente à terra.

De pedacinho em pedacinho

surgem crateras.

É de pouquinho que minha mente

vai se destruindo

e se reconstruindo

com um cimento mais forte

com mais solidez.

A destruição é viável, confesso.

A mesma água que nos arrasa

e desgasta nossas convicções,

nos limpa e nos purifica,

nos lava a alma e nos recompõe.

Será passageira a turbulência.

A chuva e a liquidez

do coração vão passar.

Leandro Vanderley
Enviado por Leandro Vanderley em 19/01/2011
Código do texto: T2738754
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