MEDO

o medo

é um cavalo desgovernado

pode ser um binóculo

focado nas pedras

às vezes um muro

ou um tsunami

um grito em segredo

na ânsia

de manter os pés no chão

não há como perder tudo

o galo não canta para o escuro

subo no rochedo

e enfrento a arrebentação

se o ceú não me permite o voo

mergulho no mar

e me deixo acalentar

pelo silêncio

cessada a angústia

adormeço em estranho cansaço

e acordo entre areias - ou cinzas

não sei se foi sonho

ou devaneio

mas caminhei com Deus