"Acredito ser"
Acredito ser o mais carente
Ser o inverno mais quente
De fisionomias bem coerentes
Acredito poder calar a dor
Poder dar calor
Aqueles que necessitam de amor
Acredito ser o mais valente
Por vezes inconveniente
Mas sem medo das lagrimas quentes
Acredito poder voar
Sempre bem alto a sonhar
Me pondo a chorar
Acredito ser a esfera dos olhos
Daquelas que procuram o colo
De alguém a tiracolo
Acredito não ser eu
Mas querendo ser seu
E não o tendo como meu
Acredito que acreditar
Seja como despertar
Do passado sempre a machucar
Acredito que o negro
Não se torne Sr. do reino
Que ministra no peito
Acredito que governar o corpo
Seja simples como o sopro
Suave como o vinho do porto
Acredito que eu seja verdadeiro
Como a palha daquele celeiro
Ou como a fronha branca do travesseiro
Acredito ser falso
Ser faustoso
Por vezes bem belicoso
Acredito ser o nevoeiro
Daquele que apaga o futuro inteiro
E o passado passageiro
Acredito ser de coração ordeiro
Mas inconsequente guerreiro
Guia do eu veleiro
Acredito,
Querendo ter crédito
Do ser mais incrédulo
Acredito ser.