Albatroz

Majestoso pássaro, a cortar os céus,

A romper o Universo, a alcançar grandes

vôos...

Albatroz de imensas asas,

De liberdade infinita...

Retornas ao ninho, fixado no penhasco,

No topo da vida, ligado às nuvens...

Albatroz liberto, albatroz feliz...

Sobrevoas rochedos, aldeias, mundo!

És livre qual a brisa a acariciar

A mata.

A água a tocar a s rochas,

A chuva a dançar nos rios.

A neve a cobrir os montes.

És livre qual a paz,

Que reside em teu voar...

Albatroz, não conheces o chão,

A prisão, a solidão...

Albatroz fique atento, nunca feches

Tuas asas...

Nunca toques este chão.

Um dia, sem que percebas,

Cortam-te as asas,

Roubam-te o espaço,

Prendem em teus pés

Um fardo imenso...

Teu vôo é rasante,

Não vai mais aos montes...

Se tentares subir,

Livre como dantes,

Sentir liberdade, a brisa suave,

Sucumbe no ar, junto aos rochedos...

O mar se torna encarnado,

Qual mar vermelho de Moisés.

Albatroz, assim tu morres...

Para ti mesmo

Por quem te aprisionou, sufocou...

Porém, nos ninhos dos penhascos,

Outros albatrozes nascerão.

E o homem será pequeno

Para colocar tantos grilhões!

( Ana Stoppa, do livro “Diagnóstico”, 1989)

Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 17/12/2010
Reeditado em 03/02/2013
Código do texto: T2677083
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