Frente à poeira

Sofremos em silêncio

como almas arrancadas da solidão

por um momento.

Acompanho os passos que você dá

na vida, por entre suas linhas.

De longe, vendo tudo o que há por vir

de perto, vivendo o que preciso viver.

Eu sei, querido, é realmente doloroso.

Não é de se imaginar, nunca se está preparado

para viver neste mundo.

Há pessoas, há vontades que se cortam

há vontades contrárias que se chocam.

Há pessoas diferentes,

sim, você e eu, diferentes.

Me atiro na multidão.

Acompanhas minhas palavras nesse recanto.

Me atiro na multidão descontrolada,

que se agita nessa festa,

quero me quebrar, e acordar amanhã exausta,

quero acordar de manhã morta...

Eu com todos os meus mortos,

"os meus caminhos tortos"...

quero esquecer que eu existo.

Atiro-me nas palavras.

Elas todas são para todos.

E algumas são para você.

Então... não desista!

Há sempre um quê infalível de esperança

quando tudo chega ao final.

É o tempo que nos carrega

frente à poeira,

na frente dos outros.

É o que resta para todos, afinal.