O VIAJANTE

[17.04.2009]

Estou vindo de muito, muito longe

Os passos cansados no largo da estrada,

Mostram os caminhos por onde passei;

Meus pés enfastiados e calejados,

Arrastam o cansaço do qual só eu sei;

Meus ombros, há tempos, doloridos,

Revelam o peso do qual já suportei;

Mas meu coração, mesmo fragilizado,

Batendo forte e assaz emocionado,

Inda traz os sonhos que sempre sonhei.

Levo em minha pequena bagagem

As lembranças de pessoas e lugares,

Os momentos por vezes enternecidos;

E fotografias nos quadros memoriais,

Retratos de minh’alma tanto queridos;

Levo o orgulho dum homem invulgar

Que não quer passar despercebido

Para além do horizonte, bem distante,

Em passos vagarosos, porém gigantes,

Para nunca, jamais ser esquecido.

Carrego guardado em meu peito

As pessoas a quem devo lealdade,

As quais dizem: “Vá lá, meu rapaz!”

E os meus grandes amigos de guerra

Além daqueles de tempos imemoriais.

Meu coração sempre muito apertado

Carrega meus amores incondicionais;

Todos os conselhos que confortam

Que acolhem e aquecem minha alma

Dos quais nunca esquecerei jamais.

Minha flâmula é meu grito de liberdade

Minha marca: minha grande vontade

Incoercível e paradoxal de vencer;

Meus hinos tem sido os das lutas

Travadas todo dia, mesmo sem saber;

Meu espelho: os grandes heróis:

Homens que não se deixam corromper;

E o meu maior legado: a persistência

O ato de não desistir deveras de sonhar

Fazendo-me caminhar, sem perceber.

Minha vida tem sido bastante agitada

Mas a poesia tem me trazido a paz,

Acredito ser o segredo: minha poesia!

Meus olhos, mirantes umedecidos,

Recebem com tamanha alegria

As rimas compostas nesta estrada;

E em tão conturbados e infelizes dias

Acabo fazendo de todos os caminhos,

De todas as retas e de todas as curvas,

Lindos poemas duma longa antologia.

Quanto a essas estradas tão curvilíneas

Dessas quais tenho ainda que percorrer,

Deverei ter muita atenção e habilidade;

Pois o tempo vai passando rápido

Revelando aos poucos minha idade;

Devo ser ágil em todas as curvas da vida

Pois me abandonará um dia, a mocidade;

Devo mostrar o que tenho aprendido

O que tenho visto e o que tenho sabido

Nas rotas rôtas que são de verdade.

Reservam-se a mim, irrefragáveis certezas:

A de não ser de todo, um homem bom

Mas não tenho sido como pessoas vis;

Sei como são confusos todos os caminhos,

E que nunca se é mais do que aprendiz;

Mas estou certo de que um dia chego lá

Talvez não tão rápido como sempre quis;

Tenho a certeza de que se valerá a pena,

Que do outro lado dessa alongada estrada

O sol nasce e brilha, e se pode ser feliz.

FW DIAS MIRANDA
Enviado por FW DIAS MIRANDA em 07/12/2010
Código do texto: T2658680
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