Indiferença e Esperança
De repente a sirene soa,
A bomba estoura,
O tiro parte,
O órfão chora.
De repente o mundo gira,
O ventre rasga,
O grito engasga,
A vida emudece.
De repente o sangue vaza,
A mãe arrasa,
O pai em casa,
Perde o seu chão.
Dias violentos, sombrios,
Partidos nas horas,
Colados em anos de dor
Não se conta mais o amor.
E os olhares cegos do hábito,
De ver as coisas mais tristes,
Voltam-se para o outro lado,
Negando as cicatrizes.
No mundo que por nós,
Faz-se cada dia mais duro e feio,
Alguém planta esperança
Vencendo o tiroteio
É a vida que teima
O amor lançando uma corda
De milagre que espera
Trazer a paz para a roda.