Cinza e vermelho
A vida assobia um cinza
Desafinado e humano
Nas águas da lagoa do dia-a-dia
O som é cinza
de tom amarelo apagado
Sem graça
Só pra dizer que é cor, que é som, que é qualquer coisa
São águas presas nas margens
Que dão de ombro pras margens carcereiras
Cinza plácido, vai e vem com o vento... quando venta
Assobia, ar sai e volta pro mesmo lugar,
e acha que isso é viver
A vida também canta o vermelho
No vermelho, o assobio é tempestade
Também desafinado e humano
Mas não é lagoa
Não é apagado
É mar agitado
É sangue alimentando o oceano do corpo
Está mais pra grito que pra assobio
Não é dia-a-dia
É dia único, singular
É som que dá gosto de ver
É cor que dá gosto de ouvir
É vida que dá gosto de sentir
É vida viva que dá gosto de viver