Cinza e vermelho

A vida assobia um cinza

Desafinado e humano

Nas águas da lagoa do dia-a-dia

O som é cinza

de tom amarelo apagado

Sem graça

Só pra dizer que é cor, que é som, que é qualquer coisa

São águas presas nas margens

Que dão de ombro pras margens carcereiras

Cinza plácido, vai e vem com o vento... quando venta

Assobia, ar sai e volta pro mesmo lugar,

e acha que isso é viver

A vida também canta o vermelho

No vermelho, o assobio é tempestade

Também desafinado e humano

Mas não é lagoa

Não é apagado

É mar agitado

É sangue alimentando o oceano do corpo

Está mais pra grito que pra assobio

Não é dia-a-dia

É dia único, singular

É som que dá gosto de ver

É cor que dá gosto de ouvir

É vida que dá gosto de sentir

É vida viva que dá gosto de viver

Osvaldo Júnior
Enviado por Osvaldo Júnior em 22/11/2010
Reeditado em 20/10/2011
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