QUEM SABE ME SALVE...
Os pássaros têm o seu canto
As borboletas o seu encanto
As cachoeiras o seu manto
A natureza o seu poder;
Cada crença, o seu santo
Cada dor, o seu pranto
Cada espera o seu tanto
E eu não tenho você.
Ilumina-se um caminho
Machuca-se num espinho
Lamente-se estar sozinho
Desespera-se por se perder;
O vento derruba um ninho
Embriaga-se com o vinho
Lê-se cartas num pergaminho
E estraçalho-me em meu ser.
Pois...
Já não ouço pássaros a cantar
Borboletas já não me vêm encantar
No manto das cachoeiras a me afogar
A mãe natureza não me pode salvar;
Recrio o meu santo, refaço minha crença
A dor do meu pranto traduz-me a indiferença
O meu tanto esperar é a infinitude imensa
Aonde apenas espero que o nosso amor vença.
Ah, meu caminho... Quase já apagado!
Tortura de espinhos, num coração machucado
Redimindo-se sozinho de um maior pecado
Desesperado, perdido, este coração amargurado;
Derrubou-me o ninho, o vento mais forte
A embriaguez do meu vinho, fez-me pensar ter sorte
Lancei o meu pergaminho para os ventos do norte
Quem sabe o meu amor leia, e salve-me antes da morte...