Quanto querer...
Quanto querer...
Amar sem ao mundo poder dizer
Que seu mundo é outro
Que sua glória
É restrita
Não faz história.
Não pode ser...
Quanto querer...
Ser ou não infração?
Cometida por caridade.
Cruel e impiedosa é a sociedade
Que não perdoa
E nem ao amor se faz valer.
E rouba o direito de viver.
Calado e mudo curva-se o homem
Frente a uma realidade visível
Mas, exclusa por conveniência
E são vedados os olhos por prudência.
Quanto querer
Poder dizer,
Poder viver.
Quem não vive dentro de si
Uma escuridão inacessível?
E quem a deixa vazar por entre os dedos,
Tem sua alma passiva ao calabouço desalmado.
Quanto querer...
Soltar gritos... Sem traumas,
Sem medos.
A vida sem prazer é uma vida monótona
A tirania invade o ser
Rouba tudo,
Tira a alegria de viver.
Ser forte é indispensável
Mas bom mesmo
É ser absoluto.
É morto com a gravata
Ou lançado aos leões
A alguns pela bala de prata
Ou condenado pelas multidões.
Quero apenas amar
Quanto querer...
Só querer não basta.
Qual a valia a que se deva apegar?
Para quem ou para que lado atirar?
A resposta está dentro d’alma
De quem faz sua parte
Sem a ninguém ter que justificar.
Mas querer é uma escolha
E calar-se é uma arte.
"Texto dedicado a uma pessoa em crise de identidade"