EXALTAÇÃO / EXALTATION
EXALTAÇÃO
J.B.Xavier
Oprime-me a forçada auxese de dores lancinantes
Levada às alturas, por batéis que singram eternos instantes,
Numa exageração de um paroxismo mórbido
Que se esgota na exaltação máxima de indefectível saudade...
Alma panda de inverossímeis amores, sigo bússolas improváveis,
Expandindo meu universo com os erros de uma busca inglória.
Oh, Alma! Oh, espírito insondável! Oh, abismo sorridente!
Acalmem-se dessa efervescente efusão de onde exalam-se tristes lembranças!
Oscilo entre exegeses esclarecedoras, e sombrias interpretações,
Entre oniromancias estéreis e consignações desiludidas,
Sem que o espírito encontre sentido na presciência de sutis presságios
Por onde o coração transita nesta estrada sem luz!
Acorrem-me os espectros que de mim fazem morada,
Insuflando-me vãs esperanças de tênues claridades que me apontem o caminho:
Débeis reclamos de vagas definições ensombrecidas por involuntários eclipses
Que transformam a luz viva da alma em pétreo negrume, sólido e insondável!
Mas sigo! Avanço, aprofundo-me nessas movediças areias do tempo,
Onde mil atrozes padecimentos caminham ao lado de felicidades súperas,
Num penoso préstito de torvo andamento,
Sobre os escolhos que espalhei com a irreverência dos insensatos!
Ainda assim, ouso avançar nessa trilha temerária
Com o espírito temulento pela fúria dionisíaca de mil festins,
Onde os estertores hesitantes crepitam roucos,
Como ressonâncias abissais das adversões de Sêmele!
E pertenço-me menos quanto mais avanço!
Fraciono-me em faúlas débeis donde nascem labaredas lampejantes,
Que por instantes fendem o negrume dos meus eclipses,
Trazendo-me de volta a esperança, na distante réstia de luz da porta entreaberta!
* * *
EXALTATION
JB XAVIER
Oppresses me the lancinating pain
Taken to the heights, for boats that sail through eternal moments,
In an exaggeration of a morbid paroxysm
That depletes itself in the maximum exaltation of an unfailing nostalgia..
Pregnant soul of an improbable love, I follow improbable compasses
Expanding my universe with the mistakes of an inglorious search.
Oh Soul! Oh, unfathomable spirit! Oh, smiling abyss!
Settle down in this seething outpouring where exudes sad memories from!
Wavered between illuminating exegeses and dark interpretations,
between sterile oneiromancies and disillusioned assignments
And my spirit does not find meaning in the foreknowledge of subtle omens
Where the heart walks on this road without light!
The ghosts that lives inside me comes start to whisper
Blowing me vain hopes of faint light that point me the way:
Weaker claims of vague definitions overshadowed by involuntary eclipses
That transform the living light of my soul in blackness stone, solid and unfathomable!
But I keep walking, deepen me in these shifting sands of time
Where a thousand of atrocious sufferings walks beside of a cheer happiness.
In a painful grim procession of terrible course,
Over the stones scattered with the irreverence of fools!
But, spite of, I dare move me forward on this reckless way
With the drunk spirit by the fury of a thousand Dionysian feasts,
Where the hoarse crackle rales hesitant,
As abyssal resonances of Semele’s censures.
The more I walk, the less I belong to me!
I fragment myself like weak sparks where flashing flames comes from,
And, for quickly moments it cleaves the darkness of my eclipses,
Bringing me back the hope, the distant glimmer of light from the ajar door!
* * *