Só por hoje
SÓ POR HOJE
04 / 04 / 2009.
Só por hoje, nos barulhos
das coisas ainda a existir,
poetizar a fome dos pássaros,
o desejo do coração,
sondar as pérola ocultas
de teus claros enigmas.
Alcançar o fio da meada,
mirar os pertences de Deus,
descobrir os espantos da metáfora,
ouvir os versos de tua canção,
apreciar o fruto proibido,
tatear coisas invisíveis,
seguir as pegadas dos poetas,
banhar-se com fios de água,
e soltar os cabrestos da manhã.
Só por hoje, neste claro labirinto,
na branca palma do vento,
rever os ecos da primavera,
contemplar o vôo de borboletas,
recriar as veredas da invenção,
sobrevoar um campo de açucenas,
e como se fosse possível,
mirar-me no espelho de teus
claros enigmas.