A espera da nova vida

Tantas palavras não ditas,

tantas palavras malditas

e, em meu peito sofrido

as lagartas insistem em permanecer

sem metamorfosear seu vôo

despertando das horas perdidas.

O suor, a luta renhida,

o sangue que escorre sem rumo

em busca da vida esvaída,

que cai do lábio que rôo

espremido no horror do sorriso,

que vem forçado, estremecido

mesmo que me obrigue a brindar...

As nuvens espessas se espalham,

mas a chuva não vem.

Sufoca-me o calor deste denso existir.

A saída que vejo é incerta

e eu pairo na estrada deserta

sem o verde, sem a rosa a florir.

Já nem sinto o prazer da poesia

que entremeia meu ser noite e dia

já que é triste, pesada, sem rima.

Eu só quero voltar a cantar

e sentir a leveza do ar

desta vida qu'inda vou levar

até que suspiro faltar.

E eu possa partir pro altar

da alegria que o choro levar.

Possa, então, novamente amar.

Possa mais uma vez caminhar.

Possa o brilho ao olhar retornar.

Possa mais uma vez eu vencer

qualquer mágoa e em paz renascer

com o doce sabor de saber

que de amor vive quem merecer,

sabe dar sem retorno esperar,

quem a mágoa pode perdoar,

quem de luz souber se vestir.

E, então, pode pleno sorrir,

pois, venceu o passado, o porvir

com a fé que de dentro há de vir...

Helena de Santa Rosa

Niterói, 10 de outubro de 2010.

21:06

Helena de Santa Rosa
Enviado por Helena de Santa Rosa em 10/10/2010
Reeditado em 10/10/2010
Código do texto: T2549211
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.